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Bora!, por Thais Lancman, #3

Acreditem ou não, 2016 vai chegar. Pode ser que, do ponto de vista pessoal, o ano que acaba amanhã não tenha sido tão intenso para todas, mas nacionalmente, coletivamente, ele foi uma bomba. Mesmo assim, do ponto de vista de mobilização de mulheres, estamos animadas: o texto da Raizel que recapitula 2015 é mostra o motivo, a moral da história desses 365 dias loucos é: não tem volta.

Não vamos deixar a oportunidade passar e entramos na onda das tradições de ano novo. Se você ainda não comprou a sua calcinha para passar a virada, veja as nossas dicas (elas podem ser seguidas com calcinhas velhas também). E a Simone Cyrineu, amiga nossa que vive e trabalha em São Paulo, conta um pouco da sua tradição de Ano-Novo.

O que temos a desejar para 2016 é, justamente, como tentamos lidar com as coisas na Ammora: que o ano que vem seja leve, mas jamais superficial. Por leve, pode-se entender belo, criativo, inspirador. Nada melhor do que as ilustrações da Fe Melo, que estão em toda parte dessa edição, para mostrar o que queremos dizer. Leve não quer dizer bobo-alegre nem o deboísmo que arrebatou a internet milênios atrás (meses né, mas nem parece). Não queremos fazer pouco caso da dor alheia, reduzir problemas que são sim entraves na nossa vida e na de muitas mulheres, mas queremos dar tons novos ao que fica entre a piada do meme e os relatos sofridos que, viva!, muitas têm tido coragem de fazer.


Um ano e uma leitura leves!

Alô, quem fala?, por Thais Lancman, #10

Foi-se o tempo do Ou Isto, Ou Aquilo. Nessa edição, decidimos celebrar as fronteiras, ou a ausência delas. As fronteiras são o espaço em que tudo se mistura, na verdade é justamente onde as diferenças entre um lado e outro parecem insignificantes. Pensando nisso, todos os debates de gênero que ganharam força nos últimos tempos nos fazem perguntar sobre a divisão que antes era a mais básica de todas: homem e mulher. Pode ser os dois? Pode ser nenhum? Porque a transitoriedade incomoda tanto? De certa forma, é porque mexe com as nossas certezas.

Há pouco mais de quatro anos, Laerte brigou na lanchonete Real (que naquela época era a padaria do lado da MTV!) porque queria usar o banheiro feminino. Hoje, discutimos “por que não?”. Ainda existem mulheres que se incomodam, não enxergam trans como mulheres ou teme que isso seja utilizado por homens mal-intencionados. Esses sentimentos confusos são um argumento válido para fazer alguém passar por uma situação degradante como a de uma trans no banheiro masculino? E que tanto a gente precisa falar de banheiro quando vários lugares já adotaram o unissex? Tudo isso era só para dizer que estamos nos acostumando, um passo de cada vez. Tem trans na universidade, na escola, no ambiente de trabalho sim, e acho que vai ter cada vez mais. E vamos explorando novas barreiras. A Raizel fala um pouco mais disso no Seven and Four dessa edição.

Para quem se interessa sobre o assunto ou gosta de séries, ou as duas coisas, recomendo muito Transparent. A série da Amazon tem como protagonista um pai transexual que, já na meia idade, decide assumir sua identidade como mulher. É muito interessante tirar a trans da caixinha que a colocamos, de uma mulher jovem e gostosona, e a série ainda traz outras várias questões de sexualidade e em relação ao envelhecimento. Esses aspectos dos personagens são difusos, desconstruídos: tem a descoberta das filhas da Moppa (mistura de mom e pappa) com relacionamentos com outras mulheres, o filho que lida com uma memória confusa da infância, enfim, assistam (Carrie Brownstein é minha pastora e nada me faltará). A série tem momentos pesados e confusos, mas é uma delícia de assistir, os atores são ótimos, eles mostram a Califórnia como um cenário diferente do que estamos acostumados e a trilha sonora é linda. Não vou dar spoilers mas as referências históricas na segunda temporada também são interessantes para pensarmos como nós vemos a sexualidade como uma coisa que evolui de forma linear quando não é bem assim: tivemos momentos muito loucos no passado!

Ainda falando de fronteiras, porém mais concretas, a Rafaela Barkay traz na seção Experiência uma coleção de memórias e reflexões a partir do seu contato com mulheres palestinas e israelenses, e como ambos os lados se unem nas questões de gênero. Essa edição ainda conta com o terceiro capítulo do nosso folhetim, Sob a Sombra de Elena, ilustrações da novíssima coleção chamada Translucidez da querida Carol Miag e colagens que achamos no Pinterest.

 

 

Hello, I love you, por Raizel Rechtman, #9

A internet está cheia de textos sobre relacionamentos, a maior parte deles são fórmulas de como se relacionar sempre voltados às mulheres, que as diminuem, culpabilizam e pretendem dar as respostas de como solucionar todos os problemas (como se elas tivessem o controle de tudo). Fala sério! Acho que esses textos não chegam nem perto do superficial. Graças à Deusa, hoje já temos várias mulheres escrevendo textos mais reais sobre esse assunto, essa diferença fica bem clara se considerarmos alguns blogs feministas que estouraram no ano passado (olharresenha sincerona: Cinco sites feministas para conferir da Ammora #5).

Quando penso no tema relacionamentos me sinto no filme de Harry Potter quando não param de chegar cartas de Hogwarts  sendo que os envelopes são temas possíveis para essa conversa: memórias, músicas, histórias de amigas, filmes, romances, dramas, etc, etc, etc. Obviamente, não dá para falar de todos, então vou levantar uma bola mais geral e generalista, a educação para o relacionamento a partir da divisão do gênero. Para falar sobre isso, começo ilustrando com a famosa DR. Nossa sociedade machista criou uma neblina em cima da Discussão do Relacionamento. Criamos mulheres com um ideal romântico, as ensinamos a considerar e conversar sobre seus sentimentos, por outro lado, os homens são calejados desde pequenos a desconsiderar o que sentem, o que torna o se relacionar bem complicado quando colocados em contado. Ao invés de contribuir para a relação a partir da possibilidade de um diálogo sincero, a DR vira um monstro, motivo de vergonha e representação de fraqueza (já discutimos anteriormente sobre como características ditas femininas são desvalorizadas em nossa sociedade). Outro ponto crítico é em relação ao sexo, o homem é ensinado a comer a maior quantidade de meninas possível e as meninas são ensinadas a não dar de jeito nenhum. Como essa combinação pode dar certo? Não, né?

Criamos sujeitos de forma diferente e com objetivos quase que contrários. Por isso, defendo uma educação igualitária para homens e mulheres sobre amor e sexo ligadas ao respeito ao corpo e sentimentos. Não existe uma verdade única no se relacionar, o que funciona para um casal, pode nao funcionar para outro e aí que está o pulo do gato. É a consciência sobre quem somos, como nos comportamo e o que queremos, leva ao empoderamento nas relações e, consequentemente, uma vida mais plena e feliz. Indico “(500) days of summer”, ao meu ver, o melhor filme de amor e que tem uma trilha sonora sensacional (tem playlist no spotify). Isso porque ele não conta uma história de amor, mas uma história sobre o amor (Thais discorda radicalmente). E, no final das contas, todas elas o são.

Acho que já ficou explícito o tema dessa edição da Ammora, mas obviamente que vai ser de um jeitinho bem nosso. Na edição experiência, a queridíssima Naná vai contar um pouco sobre si de uma forma tão sincera que acho difícil vocês não se identificarem. Para ilustrar um pouco essa loucura que é se relacionar, a Thais faz uma resenha sincerona sobre o reality show Are you the One?. Também assinado por ela, temos o segundo capítulo do nosso folhetim: “sob a sombra de Elena” (se perdeu o capítulo 1 é só clicar aqui). Ainda escrevo um Guia Musical da Fossa no Seven and Four, onde compartilhei um pouquinho do nosso vasto conhecimento sobre as músicas de fossa organizado em 7 fases, do fim da relação à sua superação. Para finalizar, mais Cartas de Ammora e uma edição cheia de GIFS.

Consideramos justa toda forma de amor.

 

Work Bitch, por Raizel Rechtman, #8

A relação da mulher com trabalho e dinheiro é um tema ainda delicado na nossa sociedade, concreta e simbolicamente. Na realidade concreta, algumas questões são: a mulher dona de casa que adentra o mercado de trabalho e continua com as suas obrigações domésticas, os salários desiguais, o assédio moral e sexual no ambiente de trabalho, a gravidez vista como problema e impeditivo para contratação ou promoção. Já no simbólico, temos uma sociedade que produz mulheres e homens de forma diferente, e desde aí já desigualam as suas oportunidades futuras. Crescemos ouvindo o que podemos e o que não podemos, em geral, coisas que nos limitam e inferiorizam. Assisti a um stand up da Sarah Silverman no qual ela dizia que odiava a frase “vocês podem tudo” dita para as meninas, porque ao dizer isso você coloca na cabeça delas a dúvida de que talvez elas não pudessem. O exemplo que Sarah dá é o de uma pessoa que vai tomar banho e a outra diz: “pode ir, eu não vou olhar o seu celular”. Quem está no banho vai noiar que a outra pessoa VAI olhar o seu celular, senão não teria falado nada. Mas para os meninos nada disso é dito, pois eles podem tudo, todo mundo sabe disso.

Na nossa sociedade, homens e mulheres têm papéis diferentes e mudar isso é mexer com toda uma estrutura de poder. Para se alcançar a igualdade o feminismo atua na conquista de direitos, mas os homens também devem agir ao abrir mão de alguns privilégios. Como por exemplo, as empresas (com sua maioria de líderes homens) deverão utilizar políticas inclusivas de gênero e os homens deverão assumir a responsabilidade compartilhada pela casa e filhos. São exemplos pequenos, mas nada vai mudar naturalmente. Esse naturalmente não existe.

Nessa edição da Ammora, vamos mostrar alguns exemplos de mulheres empreendedoras. O Seven and Four fica por conta da Maísa Diniz, criadora da Pink Bullish, um projeto de terapia financeira, que atende individualmente e em grupo mulheres que desejam mudar sua relação com dinheiro e, por meio da liberdade financeira, também trabalhar o empoderamento feminino. Na seção Experiência, Priscila Cortez conta os desafios de trabalhar com o que se ama, sua marca de acessórios e bolsas, totalmente feitas à mão, chamada Maria Tangerina, e com quem se ama, seu noivo/sócio, Thiago. As ilustrações são da Laura Athayde, manauara residente em Minas Gerais, advogada por profissão e desenhista por teimosia, colaboradora da Revista Capitolina e super girl power que reflete o cotidiano feminino nos seus desenhos. Pra completar, temos mais uma série de Cartas de Ammora e uma Resenha Sincerona do filme “Como eliminar seu chefe”.

Esta edição está repleta de mulheres massa que fazem o que amam e que enfrentam muitos desafios. Mulheres que fazem diferente. Mulheres que fazem diferença!  

 

Vamos conversar, por Raizel Rechtman e Thais Lancman, #7

Somos narrativas. Quando alguém quer falar de si, muitas vezes se explica como uma história. Nasci em tal lugar, me formei em tal coisa, tais e tais eventos fizeram de mim o que sou hoje. Essas narrativas são pessoais, porque cada um tem sua trajetória e sua maneira de apreender o mundo à sua volta, mas também coletivas, porque se sustentam em formas e temas herdados da família, do país, do meio social, e outros elementos. Mas isso não explica por que narramos.

Talvez narramos a nós mesmos porque não sabemos fazer outra coisa. Porque não sabemos lidar com sentimentos absolutos sem dar a eles uma forma, um motivo. Ou então porque queremos atingir o outro, despertar empatia e identificação. A identidade funciona em relação ao outro. Sozinhos com as nossas narrativas, não sabemos quem somos nem o que fazer com a gente mesmo.

Linda Alcoff explica um pouco isso, e não à toa sua teoria é chamada de relacional. Para ela, cada indivíduo forma, a partir de narrativas próprias e herdadas, um horizonte de verdades. Enxergamos o mundo nesse horizonte. Interagimos com o outro, nossa identidade muda. Caminhamos. O horizonte se modifica, alterando nossa percepção. A cada momento temos nossas verdades, no limite da nossa visão, e o fato de ele se alterar constantemente não significa que cada instante não tenha seus alicerces. E esses alicerces são tão necessários quanto a mudança deles.

Em um tempo que muitos gostam de chamar de narcisistas ao extremo, com gente postando onde estão e o que almoçam, prefiro pensar que estamos falando de nós mesmos para saber mais quem somos, e na esperança de que a pessoa ao lado também fale de si. Todos nós vivenciamos experiências de troca que nos agregaram algo. Isso porque, quando falamos de nós mesmos, contamos a nossa história, temos a oportunidade de refletir sobre aquilo que vivemos, aprendemos um pouco mais sobre quem somos. O mesmo acontece quando ouvimos o outro, é comum nos projetarmos no que nos é dito numa tentativa de identificar o que daquilo faz sentido.

Um exemplo bem atual são os relatos de abuso que surgiram com as hashtags #primeiroassedio, #meuamigosecreto, e outras denúncias de machismo diário. O desabafo ajuda as mulheres a controlar a própria história e os rumos de um episódio muitas vezes traumático e, como continuação ou consequência, fazer com que outras se identifiquem e se empoderem.

Hoje, na Ammora, faremos um pouco dessa auto-exposição como forma de pensarmos sobre nós mesmas e também sobre quem nos lê. A Fabi, minha amiga de longa data, deusa nipo-brasileira, nerd intelectual, louca dos cães e convidada especial dessa Ammora, conta sua experiência carnavalesca no bloco Ilú Obá de Min. Eu estreio o primeiro capítulo de Sob a Sombra de Elena, nosso folhetim cheio de mistério, paixão e procrastinação. Na Carta de Ammora, a Raizel compartilha uma carta de amor autêntica, no estilo “saudade fez um samba” de João Gilberto, o fino da fossa, com uma sinceridade que só dá para ter no calor do momento, quando a gente acha que aquilo tudo nunca vai passar. E, a partir de ilustrações, a Carol Miag se expõe com a gente, inclusive com o autorretrato que abre essa edição da Ammora.

 

Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência, #SQN.


Aproveitem a leitura!

 

Hey Ho, Lets Go!, Por Raizel Rechtman, #6

Essa é a nossa edição musical. Vamos falar de música, mas, obviamente, da mulher na música. Na Resenha Sincerona a Thais vai indicar algumas bandas girl power que ela tem escutado. Em experiência contaremos juntas sobre uma noite divertida no Sesc Pompéia em que conhecemos a artista Lydmor. A pedidos dos nossos leitores, temos Cartas de Ammora. E as ilustrações são da Fe Melo!

Quando falamos dessa música gendrada surge junto a problematização: Mulher pode ser sensual e não se objetificar? Pode defender o feminismo e expressar a sua sexualidade ao mesmo tempo? Fazendo uma pesquisa das feministas da música brasileira as que mais aparecem são: Rita Lee, Valesca Popozuda, Cássia Eller, Adriana Calcanhoto, Clarice Falcão e Elza Soares. Na música internacional temos: Beyonce, Lady Gaga, Miley Cyrus, Lily Allen, Pussy Riot e Grimes. Mas será que elas são feministas? Temos aqui uma variedade grande de artistas, desde as que se assumem feministas até aquelas que vão além e fazem disso parte da sua arte. Algumas matérias discutem se essas mulheres são feministas, mas considero difícil julgar o que é e o que não é feminismo na música, ou quem é ou não feminista. A Valesca Popozuda ao empoderar as mulheres a se apropriarem do seu corpo subverte a noção de objetificação da mulher a seu favor, já a Beyoncé coloca a definição dada ao feminismo por Chimamanda Ngozi Adichie na letra de uma das suas música, mas, ao mesmo tempo, ambas ditam um padrão de beleza para mulher. Outras já são mais fáceis de definir, como a banda russa Pussy Riot que chegou a ser exilada por suas posições políticas, a Elza Soares com a música “Maria Da Vila Matilde” em que denuncia a violência doméstica e a Clarice Falcão com o clipe Survivor no qual a mulher faz o que quiser com o batom vermelho.

Defendo que quem define se a mulher está sexualizada demais é ela, ela tem o direito de expressar a sua sexualidade da forma que quiser! Nesse debate, a Lady Gaga dá um show numa entrevista quando um repórter questiona a refência sexual de sua música. O Elvis era super sexy na época, como diria a música de Grease: “Elvis, Elvis, let me be, Keep that pelvis far from me” (Elvis, Elvis, me deixa, mantenha sua pélvis longe de mim), e ninguém questiona a música dele por isso. Não vamos questionar as nossas!

 

Boa leitura :)

 

 

 Hello, stranger!, #5

Chegamos na quinta edição da Ammora empenhadas em pensar um pouco a respeito do feminismo nas redes sociais, e na Internet como um todo. Mas antes, vamos nos apresentar: estamos há quase três meses nessa de mandar e-mails sem dar mais detalhes de quem a gente é. Somos Raizel e Thais, amigas há mais ou menos uma década.

Raizel é soteropolitana, residente há três anos em São Paulo, nascida em 1988, caçula de três irmãos, filha de pais casados há mais de 30 anos, psicóloga, mestre e doutoranda em psicologia da educação. Uma das suas características mais marcantes é ser ativista da vida, o que deve dar pra perceber pelos seus textos: eles sempre têm alguma intimação para que as pessoas ajam pela mudança. Para vocês terem uma ideia, esse foi o teor até do texto de agradecimento no seu convite de formatura. Agradecer que é bom, nada, só uma convocatória para seus amigos e familiares serem agentes de transformação do mundo! Raizel também é impulsiva. Quase (porque Thais a impediu) adotar um mini coelho no meio da tarde, fazer um piercing por causa de um sonho que teve naquela noite e ir embora do rolê do nada, são coisas que vocês podem esperar dela. Escuta de Novos Baianos a Anitta e não tem vergonha nenhuma disso, já chegou a citar Sandy e Júnior em reunião de Grupo de Pesquisa e o reality de funkeiras “Lucky Ladies” em treinamento que ministrou no trabalho. Ainda está aprendendo a diferenciar sinceridade de mentiras sinceras e vive uma relação de amor e ódio com o Tinder.

Thais é tão paulistana que nasceu na Avenida Paulista (sério mesmo, no hospital Santa Catarina) e está muito bem, obrigada, não tem tumor no cérebro nem é uma workaholic doida, pelo contrário, vive uma vida tranquila de mestranda em Letras e escritora. Publicou em 2014 o livro Palito de Fosfeno, que vai virar filme! Tá, isso é mentira.

A Thais é uma acumuladora de informações inúteis. Quer lembrar aquele ator que fez aquele filme da Sessão da Tarde, ou alguma coisa aleatória das aulas de Biologia do colégio? Pergunta pra ela e ela vai lembrar, ou vai fazer questão de buscar no Google. Ou vai inventar a resposta. Apesar de tímida, Thais gosta de discutir, então não venha fazer defesa cega de X ou Y, por isso mesmo a resolução dela para 2016 é ter paciência e tolerância. Ao mesmo tempo, ela quer continuar investindo no seu talento em tiradas rápidas e afiadas, em conversas ao vivo ou pelo Whatsapp. Basicamente, virar uma personagem de Gilmore Girls tirando que a Rory é jornalista e isso já é página virada na vida dessa Ammora.

De tanto visitar páginas e perfis feministas e discutir sobre elas, decidimos começar a dar os nossos pitacos também. O Seven and Four trata da memetização do feminismo online, e na Resenha Sincerona estão alguns sites bacanas. As imagens dessa edição são da artista Sirlanney!

 

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Oi de novo, por Raizel Rechtman, #4

Primeira Ammora do ano! Eu e Thais estamos muito animadas e cheias de planos para a Ammora 2016.

Não sei se vocês já ouviram falar do conceito “bedroom culture” (cultura de quarto), particularmente, eu o conheci há pouco tempo. No início era um termo sociológico que indicava uma cultura feminina que, ao contrário dos meninos que tinham uma vivencia de rua, acontecia dentro do seu quarto. Isso como reflexo de uma cultura heteronormativa que dava liberdade e acesso à cidade aos meninos e superprotegia e limitava o acesso das meninas.

Esse termo era utilizado pelo feminismo, mas hoje está sendo utilizado para caracterizar a cultura da geração digital atual (independentemente de gênero) que têm no seu quarto um ambiente de criação e reprodução de subculturas. Apesar disso, quisemos trazer o tema à tona, pois super nos identificamos com ele.

O “bedroom culture” explicita o modo como as meninas consumiam cultura popular. Mulheres nascidas entre os anos 50 e 90 tiveram seus quartos como templo, espaço de experimentações e ambiente de crescimento. Podemos falar melhor dos anos que vivemos: 90! Nos quais o quarto da menina era marcado pelos testes da revista capricho, pôsters colados nas paredes, agendas com cadeado, gravação de fitas no rádio, além de ser o ambiente de encontro de amigas, compartilhamento de dramas, confissões, treino de beijos, risos, drogas, etc.

Nesse clima saudosista, no Seven and Four desta edição Thais vai contar um pouco de uma das mais clássicas tradições do bedroom culture: as agendas, já eu conto minha relação com os musicais na seção Experiência. Pra fechar, inauguramos a seção Cartas de Ammora, na qual leitoras nos enviam suas questões para que respondamos. As ilustrações ficam à cargo da talentosíssima Carol Miag!

 

Vamos nessa!

Hey, por Raizel Rechtman, #2

Pela imagem de abertura dessa Ammora já deve dá pra sacar o tema dessa edição. Sim, vamos falar de Menstruação! E falar de menstruação é falar de algo essencialmente feminino. Faz parte de ser mulher sangrar periodicamente. Um ciclo mensal que também é de uma vida, da menarca à menopausa. A primeira menstruação é aquele rito de passagem, para a Thais até então, tudo que ela sabia a respeito vinha de um episódio de Confissões de Adolescente e uma conversa muito vaga com sua mãe. Nessa iniciação ao feminino a mensagem é: menstruação é um clube e todas queremos fazer parte! Mas quando entramos para o clubinho passamos a ter encontros mensais e a torcer para que sejam mensais mesmo. Encontros que nem sempre são prazerosos, como vamos contar nos textos “Experiência: TPM”, escrito por mim e Thais, já que cada uma vive essa reunião do clubinho de uma forma diferente, e que também são carregados de Tabus, outro texto dessa edição da Ammora.

Como em tudo, não existe uma regra que vale para todas, a menstruação em toda a sua complexidade e universalidade é, ao mesmo tempo, muito particular, vivida e entendida na dialética individual - coletivo. Apesar de toda a carga pesada (cilada, bino) que vem junto com esse tema, numa conversa de bar um amigo me apontou algo interessante: a possibilidade que a menstruação dá às mulheres de nos reconectarmos com nossos corpos todos os meses. Gostei! E, por isso, entendo o desejo de muitas mulheres se conectarem com sua menstruação, até mesmo com representações artísticas, como mostraremos a partir da obra “Menstruália” de Carol Miag (prima, amiga, mestre em Cultura e Literatura pela UFBA, artista plástica e ilustradora baiana radicada em São Paulo) que sou fã e ilustra essa edição da Ammora. 

Sempre existe o risco do desejo se tornar regra, mas ninguém é obrigada a amar a menstruação acima de todas as coisas. O importante é falar abertamente, tranquilamente sobre o assunto para desmistificar a menstruação e é o que queremos fazer.

Espero que gostem!

Oi, por Thais Lancman, Ammora #1

Essa é a primeira Ammora. Esperamos que seja a primeira de muitas, pois temos muito a dizer. Para começar, nosso primeiro grande tema é a amizade feminina. Sororidade e empoderamento são palavras bastante usadas hoje em dia, e a noção de amizade aparece antes e depois delas. Nossas amigas são as primeiras que aprendemos a entender, amar e com quem podemos contar no nosso processo de auto descoberta e independência. Escrito assim, isso parece quase calculista, mas queremos falar também daquilo que é fundamental e instintivo. Ao nos desprendermos de uma representação bizarra da amizade feminina como interesseira e superficial, abrimos os olhos para as nossas relações diárias e, que alívio, elas não tem nada a ver com isso. Assim, ao analisarmos o valor das amizades, em especial das amigas, no dia a dia, podemos entender melhor a importância da sororidade e do empoderamento no macro, em uma sociedade que nos diz o tempo inteiro para se conformar com os espaços limitados que as mulheres tiveram até hoje. Na Ammora, falamos de um ponto de vista carinhoso, mas nem um pouco mundo cor-de-rosa. A Raizel fala um pouco mais da intersecção entre amizades e feminismo no primeiro Seven and Four, nossas conversas com vinho.

Também temos uma entrevista especial na nossa newsletter de estreia, com a Dani Kulisch. Amiga querida há mais ou menos dez anos, ela é uma engenheira com mestrado no Technion, uma das melhores universidades do mundo e mora em Ramat Gan, Israel. E ela é fã do Elton John e de Kid Abelha, é expert em chás e nós três – Thais, Raizel e Dani – já fizemos algumas viagens incríveis juntas. Escolhemos uma entrevistada que, além de nossa amiga, pudesse falar de amizades em diferentes níveis e distâncias. Além disso, fala-se muito na necessidade de admiração mútua nos relacionamentos afetivos, mas pouco de como isso ocorre na amizade. Talvez seja tão necessário quanto, admirar nossos amigos. E um resultado dessa admiração é querer que todo mundo saiba o que essa pessoa pensa a respeito disso ou daquilo. Ou mostrar um trabalho, um projeto novo. Dar espaço para falar, divulgar, então, é algo que surge da amizade e se torna algo maior, é uma ferramenta de transformação!

Por fim, uma resenha de um livro que não lemos mas queremos ler! Primeira edição e já estamos tomando essa liberdade, mas é o tema veio a calhar: fizemos um apanhado de informações sobre A amiga genial, de Elena Ferrante, livro que virou prioridade na lista de leituras futuras.

Boa leitura!

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